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Queloide na tatuagem: entenda o problema e como ele surge

O processo de cicatrização é natural ao ser humano e um procedimento intrusivo como a tatuagem exige determinados cuidados para que a recuperação da pele aconteça da melhor maneira possível. Contudo, algumas pessoas são mais suscetíveis a desenvolverem cicatrizes volumosas, de alto relevo – as chamadas queloides.

Esse tipo de cicatriz costuma crescer para além do espaço das lesões por cortes, cirurgias ou mesmo nas tatuagens. Esse relevo na pele pode aparecer durante o processo de cicatrização da tatuagem, principalmente em pessoas que possuem predisposição genética.

Porém, há uma série de cuidados que o tatuador e o cliente podem tomar para diminuir as chances desse tipo de cicatriz aparecer após o procedimento da tatuagem.

 

Sobre o processo de cicatrização

Como o surgimento das queloides está relacionado com a etapa da cicatrização da pele, vamos relembrar rapidamente esse processo. A pigmentação é um procedimento intrusivo e, assim, gera um processo inflamatório cutâneo, com ativação do sistema imunológico e das vias de cicatrização. Nessa etapa há o surgimento de uma vermelhidão na área tatuada e, em alguns casos, certo inchaço.

A etapa seguinte é marcada pela aparição de prurido (coceira), devido à liberação de algumas substâncias que estimulam o sistema nervoso local. O período é marcado também pelo início da descamação das crostas formadas.

Por fim, o processo da cicatrização termina com um leve ressecamento da região pigmentada, com o desenho não aparentando uma cor tão vibrante como é observado logo após a pigmentação. Esse efeito vai passando com a finalização da cicatrização.

 

Entendendo a queloide

Uma coisa é importante de saber sobre queloides: as chances são maiores de acontecer esse tipo de má cicatrização em pessoas com predisposição genética. Em casos extremos, elas ultrapassam a direção da ferida inicial e podem crescer até chegarem ao tamanho de uma laranja.

Mas como elas se formam? Esse tipo de cicatriz é formado a partir de um processo inflamatório do próprio corpo. Essa inflamação tem como causa agentes externos ou lesões anteriores, como acne e as próprias tatuagens. Pessoas de pele negra estão mais sujeitas ao aparecimento desse tipo de má formação durante o período de cicatrização da pele.

As áreas mais propensas ao surgimento das queloides são os ombros, costas, mamas e orelhas. As três primeiras regiões citadas são propensas por possuírem uma maior espessura, enquanto nas orelhas elas surgem em consequência de perfuração com brincos e piercings.

 

Cuidados de tatuadores e tatuados

Dentro dos estúdios, os tatuadores podem contribuir para diminuir as chances desse tipo de má formação do processo de cicatrização acontecer. Uma das medidas que o profissional pode tomar é checar a regulagem da máquina, nos quesitos de força e velocidade, e a profundidade adequada da pele que deve ser perfurada no processo de pigmentação.

Outro cuidado que o tatuador deve ter é solicitar laudo médico sempre que o cliente relatar predisposição para o surgimento de queloides. Isso é importante para diminuir os riscos de uma lesão na pele do tatuado. Indo ao dermatologista, o médico pode indicar alguma pomada cicatrizante específica para este caso e esse tratamento prévio ajuda bastante a evitar essa má formação.

Assim, um tatuador cuidadoso e experiente dificilmente vai agredir a pele do seu cliente, evitando a ocorrência de queloides.

O tatuado deve sempre se manter atento aos cuidados com a área pigmentada. Esse cuidado deve ser redobrado nos casos em que ele sabe que tem predisposição ao aparecimento de queloides. Assim, durante o período de cicatrização da pele, e principalmente para quem tem predisposição às queloides, é importante manter a pele bastante hidratada.

Outros cuidados que o tatuado deve ter após a pigmentação são evitar: coçar o local da tatuagem, tirar cascas, banho de piscina e de praia e exposição ao sol. É muito importante o uso do protetor solar durante o período da cicatrização. Com esses cuidados, diminuem as chances de haver algum tipo de problema com a sua pele após a pigmentação.

 

Queloide tem tratamento?

É possível sim tratar as queloides na pele. Esse tratamento pode ser feito durante o processo de cicatrização ou após o processo inflamatório.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a principal forma de tratar as queloides envolve um associado de tratamentos com o intuito de evitar as recidivas, ajudando a reduzir os sintomas, como dor e coceira. Ainda de acordo com a instituição, a infiltração de medicamentos como triancinolona, bleomicina, 5 fluoracil são muito usadas no tratamento do problema. Essas drogas atuam reduzindo a síntese de fibroblastos, o que resulta em uma formação anormal do colágeno e no aumento da ação da colagenase – enzima que degrada os fibroblastos.

Em alguns casos, a remoção cirúrgica pode ser indicada pelo médico para remover parte da queloide, sempre levando em conta se os fatores que originaram a queloide ainda estão ativos. Ao final da cirurgia, o paciente recebe a administração de medicamentos injetáveis, como medida de controle de recidiva. Folhas de gel de silicone e curativos oclusivos de silicone demonstraram um sucesso variado no tratamento de queloides.

Ainda segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, outros tratamentos usados nos casos de queloide incluem a crioterapia (uso do nitrogênio líquido para congelar a queloide de dentro para fora). Os tratamentos com radiação apresentam pouco resultado, mas podem ajudar na recidiva das queloides se usados logo após a intervenção cirúrgica.

Contudo, em todos os casos, os tratamentos só devem ser feitos com a indicação de um médico, que vai avaliar melhor o seu caso e indicar a melhor opção de tratamento para a sua situação.

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