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Isaac Tocinho | “Sempre temos que estar em busca de um bem maior.”

Isaac Tocinho (https://www.instagram.com/isaactocinho/) é mais um dos nossos convidados especiais para ser entrevistado pelo TudoSobreTatuagem. Baiano, empresário e acima de tudo, artista, Tocinho compartilhou sua experiência e uma história muito engraçada. Confira na íntegra abaixo. 

1. Antes de entrar no meio da tatuagem você já tinha contato com outras áreas artísticas?

Primeiramente é sempre muito feliz estar com vocês. E sim, comecei a desenhar desde criancinha mesmo, mas meu primeiro trabalho artístico foi no mundo da música. Tinha tocado em vários grupos do mundo do rock, reggae, mpb, mas o que mas me fez entender a importância de um modelo administrativo para arte, foi quando fui guitarrista em uma banda de pagode baiano. Entendi que o mundo da arte é uma grande imensidão. Depois de vários caminhos, já estava na faculdade de Design quando descobri o mundo da tatuagem… e nunca tive dúvida desse caminho.

2. Como foi entrar no meio da tattoo? Lembra da primeira tatuagem que fez?

Nossa, lembro sim! (risos). Foi bem na pressão. Já tenho que falar que meu nome ficou “Tocinho” porque quando entrei no mundo da tattoo não queria testar uma máquina na pele de ninguém (risos). Me falaram que poderia testar no toucinho de porco e como achei melhor, o apelido foi inevitável. Mas foi em um amigo que queria fazer uma tattoo na batata da perna. Não era uma tattoo pequena. Eu frequentava um estúdio bem pequeno e ele passou o dia todo falando para todos que eu iria tatuar ele. Mas eu fiquei bem retraído porque não me sentia seguro ainda. Porém, esse amigo insistiu tanto que o tatuador que eu acompanhava me falou: “Se você não tatuar ele eu vou fazer qualquer coisa nele, só para ele calar a boca!” (risos). Com esse incentivo ao contrário, falei com o garoto: “Você sabe que nunca tatuei ninguém, e não vai ficar profissional”. E aí ele só falou: “Eu confio!”. Desde então não tatuei mais em toucinho mas o nome “Tocinho” ficou mesmo.

3. Hoje você está à frente do Tocinho Tattoo (https://www.instagram.com/tocinhotattoo/), estúdio de renome em Salvador/BA. Como surgiu a ideia de abrir seu próprio estúdio?

Realmente quando comecei a tatuar era difícil encontrar tatuadores que sabiam desenhar, por mais que só em dizer isso atualmente pareça tão estranho. Porém hoje em dia isso não é o suficiente. Somos artistas que trabalham com obras vivas.  E quanto mais nossos clientes entendem sobre o nosso meio, somos cobrados para impressioná-los. Isso é o que eu mais gosto desse mundo. Assim, tive que fazer parte de uma estrutura onde, quem estiver comigo nunca possa querer deixar de aprender. E isso é o Tocinho Tattoo.

4. Ainda hoje você estuda desenho?

Com certeza. O novo modelo estético mais procurado no mundo da tattoo é o realismo. 

Muitos, a princípio, pensam que tatuar seria simplesmente trabalhar como uma impressora. Mas não somos uma máquina. Sempre deixamos nossa assinatura. Quando percebi isso, nos últimos anos, tive que voltar a estudar de zero mesmo.

5. Qual o seu estilo de tatuagem favorito? Para você mesmo e para tatuar.

Hoje estou bastante focado em estudar o realismo. Mas não posso dizer que é o meu preferido. Gosto da conexão com a pessoa, que gostaria de levar uma arte minha na sua pele. Claro que não aceito se me procurarem para fazer uma tattoo que eu ache que ficará esteticamente mal feita. Mas esse caminho é bem legal pois a interação nunca é totalmente esperada.

6. Os temas de espiritualidade e religião são recorrentes em suas artes. É um tema que te interessa?

Pra mim, quando qualquer religião é agregadora, nos leva de maneira bem lógica para os melhores caminhos. Sendo soteropolitano, esse berço tão intenso de religiosidades, o apreço a uma energia maior sempre foi inevitável. Olha sobre o que começamos a falar, desde o início das perguntas. Sempre temos que estar em busca de um bem maior.

7. Agora sobre você e suas tattoos, quantas você tem? Qual a sua favorita? Alguma com algum significado muito especial?

Em quantidade não são muitas, mas às maiores são a das costas toda e a da parte da frente, que pega o peito e a barriga. De verdade, eu gosto muito de todas. Tive sorte (risos).

Fiz minha primeira tattoo quando já era tatuador, a mais de três anos. E não foi por medo, só nunca tinha pensado em me tatuar, antes de ser tatuador. Então, a que é a mais importante, pode ser dito que seja a primeira que fiz. Tenho tatuado “Vida Severina” que retrata, em vários sentidos, minhas origens.

8. Compartilhe conosco algum caso interessante ou curioso que tenha acontecido ao longo de sua carreira.

Nossa, tem vários (risos). Mas tá. Inclusive aprendi com um amigo, que posso contar histórias sem citar nomes, que fica mais engraçado. Uma vez já tinha terminado o dia de trabalho e estava fora do estúdio que trabalhava tomando uma cerveja com um amigo. Ainda tinha outro artista no meio do trabalho e esperávamos tudo acabar para sairmos juntos. Então ele terminou e já estávamos preparados para sair, quando ele veio na nossa direção e falou para o tatuador que estava comigo: “Tatua seu nome na minha bunda!”. Nossa, não sei quanto tempo ficamos imóveis, pois foi a declaração de amor mais rápida que já tinha presenciado. Mas logo depois, ele falou rindo que era verdade e ele explicou um pouco a mais. “Não o nome dele em mim, quero tatuar “Seu Nome”, e quero na bunda pois vai ser mais engraçado ainda! Eu acho uma piada ótima.” Como já tinha terminado de tatuar, não volto a trabalhar no mesmo dia. Mas nesse caso não perdi a oportunidade. Então, resumindo várias risadas dessa história, a tatuagem foi feita.

9. Qual lição ou conselho você considera essencial para os novos artistas do cenário?

Posso dizer com experiência: tenha foco e lembre que você sempre pode ser melhor hoje. 

10. Se pudesse tatuar qualquer famoso hoje, quem seria?

Com certeza Mike Krieger (@mikeyk). Acho fenomenal.

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